Alguém um
dia, lá traz na minha vida, me mostrou a importância “de viver bem em meios e condições adversas”, em contra ponto “a viver bem em meios e condições favoráveis”.
Percebi a lição e tentei pautar minha vida com ela, muita coisa mudou, num
instante a sociedade ganhou e fez de mim uma pessoa diferente do que eu queria;
lutei contra isso, mudei minhas atitudes, fui
“punido” pela vida durante esse processo, perdi bens, esposa, relacionamentos,
status e situações que, na verdade, não eram meus mesmo. Com isso revi minhas
metas, redirecionei meus pensamentos, cresci em mim e passei a perceber
detalhes e peculiaridades no mundo que não via antes, peculiaridades que me
assustaram pois acabei vendo as pessoas de forma diferente – não tenho que
lutar com ninguém para ter um lugar ao sol, basta dar um passo ao lado, o sol
está lá; não preciso me cercar de coisas caras e dispendiosas, para que? Para
mostrar para os outros? Comecei a perceber que muitos dos meus sonhos ficaram à
beira do caminho, esquecidos na gana de lucrar, vencer, ser o melhor,
sobrepujar os que estavam à minha volta; ganhar, ganhar e ganhar, não sei bem o
que, nem de quem, mas ganhar em tudo e sempre.
A
gente acaba esquecendo a felicidade – na verdade conseguem colocar em nossa
mente que isso é a felicidade. Coisas aconteceram e agora estou aqui,
escrevendo esse livro e nunca pensei em ser escritor, acho mesmo que não sou.
Estou passando por problemas financeiros, e tantos
outros que muitos passam no decorre de suas vidas, mas procuro reter das
experiências o que elas tem de melhor, tento apreender o que cada fato de minha
vida está me mostrando, o que cada pessoa representa dentro do panteão de
espiritualidade que há dentro de mim.
Talvez você queira pular esse capítulo, tudo bem? É meio piegas mesmo, não vou recriminá-lo por isso, mas deixe-me mostrar algumas coisas que aprendi com o ”enxergar com os próprios olhos”.
Há
pouco tempo acabei falindo, culpei alguns clientes, culpei alguns fornecedores,
culpei o mundo, a situação sócio econômica em que nos encontramos, ou seja,
culpei todos à minha volta, exceto eu mesmo. Passado alguns dias, voltando ao
meu normal, comecei a analisar o que a experiência tinha para me mostrar, qual
a lição que eu poderia absorver disso tudo? De início não tive capacidade para
encontrar nada, mas com o passar do tempo percebi que eu havia me transformado
em uma pessoa amarga, não me importava mais com os outros à minha volta e esse
“tombo” veio acordar-me para a realidade de minha situação, estava vendo o
mundo com os olhos dos outros e o que eu enxergava era triste, amargo, acabei
ficando assim também. Hoje ainda estou curando as cicatrizes desse “tombo” e
das percas que mencionei, mas percebi que o mundo é mais bonito do que tentam
nos mostrar, existe ainda aquela pessoa que nos ampara. Conheci pessoas que me
apoiaram sem me conhecer, ofereceram suas casas, caso eu viesse a precisar,
ofereceram auxilio financeiro para coisas simples, e eu aceitei, pois
precisava.
Esse
mundo ainda está repleto de pessoas que enxergam com seus próprios olhos,
percebem no outro um irmão e, se são chamados a auxiliar, o fazem sem segundas
intenções, apenas pelo prazer de ser feliz.
São
pessoas que estavam ao meu lado e eu não via, não percebia o quão bonitas eram,
quão maravilhoso era esse mundo e como eu estava enganado sobre tantas coisas.
A vida
deve ser vivida no agora, não adianta a gente pleitear recompensas num futuro,
será que ele existe? Hoje estou separado, recomeçando a vida, mas sem a ambição
que tive outrora, em certos momentos vemos que o Buda tinha razão, o maior
motivador de sofrimento é o desejo, e a melhor maneira de viver em meios e
condições adversas é saber pautar-se pelo pouco, sem excessos e com a
consciência tranquila.
Comecei
a perceber também que muitas das atitudes que vinha tomando estavam calcadas
numa introspecção de valores que não eram meus, foram incutidos pelo meio em
mim e mudaram-me de forma radical, por que eu deixei que isso acontecesse.
Conceitos como os já mencionados, “tenho que ser o melhor”; “devo ganhar
sempre”; “o fim justifica os meios”, e tantos outros que acabei assimilando e
que mudaram a forma como eu via o mundo. O “tombo” foi bom pois me possibilitou
essa visão fragmentária da história dando-me tempo para expurgar esses
conceitos “alienígenas” voltando ao que eu era, na verdade um caminho de
retorno dificílimo que ainda estou fazendo, pois resgatar a gente mesmo é mais
difícil que manter os conceitos iniciais sem mácula.
Por
isso que estou lhe dizendo, desperte agora enquanto é tempo, pois da mesma
forma que a sociedade muda como você enxerga o mundo, muda também como as
pessoas lhe vêem, e é o pior sempre que vem a tona. É um jogo onde no final não
existe ganhadores, pois todos envolvidos perdem, apenas a sociedade ganha
porque manipulou como quis as suas virtudes para atingir um objetivo, nem
sempre bom. Os grandes baluartes da humanidade, Sócrates, Jesus, Buda, Krishna,
Gandhi, Einstein e tantos outros viveram as suas verdades, não importando o que
o mundo achava delas, isso em muitos momentos culminou em uma repulsa do meio que
não conseguiu subvertê-los, acabou por gerar atos reprováveis, vejamos a luta
dos indianos para se libertar dos ingleses, vejamos a pena de morte de
Sócrates, mas eles passaram para história pois não se renderam em seus ideais e
sonhos dando mesmo num ato extremo, a própria vida. É claro que ninguém quer
que você ou eu saiamos de arma em punho lutando para defender nossos sonhos, já
seria em si um antagonismo nesse processo todo, e mesmo eles não saíram armados
para defender os deles, apenas viveram a vida baseada na certeza que é melhor
morrer com o que cremos e sonhamos, que morrer iludido pelo meio corruptor que nos
cerca.
E
volto a perguntar – E VOCÊ? Que está fazendo para manter vivos seus sonhos?
Sabe, pequenas atitudes às vezes bastam, nas horas de lazer comece a pensar em
você mesmo, dê valor a cada minuto que possa usar para resgatar seus sonhos e
anseios, você verá que alguns poucos minutos por dia bastarão para criar nova
esperança em sua vida.
Como
exercício muito bom eu lhe aconselho que se sente de forma tranqüila, comece a
fixar a atenção em sua respiração e sinta a inspiração, a expiração, perceba
como dentro de você existe um mundo novo à espera de ser explorado, esse mundo
novo não é um mundo assim tão novo visto que é você mesmo escondido dentro de
tantas máscaras que a sociedade lhe impôs. Concentre-se na sua respiração e vá
relaxando, permitindo que seu consciente ceda lugar ao seu íntimo, sinta que o
ambiente onde está fica repleto de uma luz e que essa luz consegue penetrar no
seu corpo, trazendo tranquilidade, cura, paz, deixe-se assim por cerca de 10 a
15 minutos e depois retorne. Faça esse caminho se possível duas ou três vezes
por semana e cada vez vá mais fundo dentro de você, buscando aqueles sonhos que
estão escondidos lá no fundo. Esses sonhos são sua essência e pode ter certeza,
sua plenitude de realização.
Somos
feitos para felicidade, temos tudo em nós para sermos felizes, mas o meio nos
imputa tantas coisas supérfluas que passamos a nos preocupar com o que está
fora, distante, no vizinho, e esquecemos do mais importante que está dentro de
nós ou do nosso lado. Nossa realização pessoal independe de vencermos uma
corrida ou uma luta com qualquer adversário, mas de vencermos a luta maior de
nossas vidas que é realizar nossos sonhos e nos aceitar como somos, sem
limitações, pois podemos tudo. Quantas vezes não vemos gênios sentados em
cadeira de roda, mudando o mundo com seus sonhos; quantas vezes não pudemos
apreciar alguém tocando piano sem as mãos, por não as possuir, mas tocando como
se nada pudesse impedi-lo de o fazer; quantas vezes ficamos de frente com uma
folha em branco e tivemos medo de fazer qualquer desenho imaginando o que os
outros irão dizer, já pensou se Van Gogh pensasse assim? Passou a vida sem
vender um único quadro, no entanto revolucionou a pintura dando-lhe a cor. Já
imaginou se Beethoven parasse de compor por ter ficado surdo? Quanta coisa
maravilhosa estaria perdida?
No
entanto você não faz nada. Basta uma dor nas costas e não se atreve a sair na
porta de casa. Vamos mudar nossa forma de olhar o mundo, devemos conseguir
viver bem não importando onde quer estejamos, mesmo com meios e condições
adversas devemos ser felizes, ainda que morando sob um viaduto, pois a
felicidade é conceito que só se concretiza quando cremos em nós mesmos e nos
reinventamos utilizando nossos sonhos como catapultas a nos arremessar para
frente na certeza de realizá-lo.
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