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Animismo e processo mediúnico - Uma visão despretensiosa do fenômeno.

Bem, seguindo ainda a linha de desmistificação do espiritismo, ou seja, torná-lo o que de fato é, uma doutrina racional, filosófica com fundo moral onde, justo por isso, não cabe o misticismo e o ritualismo da forma das demais religiões institucionalizadas.

O assunto requer preparo no trato evitando-se melindrar quem quer que seja, no entanto não pode deixar de ser abordado pois inevitavelmente o persistir no processo anímico sem conhecê-lo induz ao erro e ao aceite de orientações que deveriam ser da espiritualidade e acabam, invariavelmente, sendo do próprio médium o que também não deve ser desmerecido, antes estudado.

O que é animismo na visão Espírita? Essa nossa primeira colocação a ser compreendida.
Existem uma série de livros e estudos sérios sobre o assunto que podem e devem ser consultados pelos que pretendam aprofundar-se no tema, e vão relacionados no final desse estudo simples.

Animismo, segundo o espiritismo é a participação comprovada da própria Alma do médium em uma comunicação mediúnica, junto com uma comunicação legítima ou no lugar de um Espírito externo a ele, vendo-se assim, pode-se imaginar sem estudo que é mistificação, mas não é,  afinal, para o médium, é uma comunicação válida se esse não quis de fato iludir ninguém, durante o processo e emancipação do Espírito no ato mediúnico ele passa a dilatar seus conhecimentos e mesmo possibilidades diversas, permitindo com isso ser portador de verdades que, em estado natural de vigília, não sabe ou tem contato.
Difícil delimitar o que é anímico ou não, mesmo numa comunicação dita "normal" o médium participa de forma ativa no processo colaborando com o Espírito protetor ou ajudando no controle dos adoentados e dementados, exceção feita às mediunidades ditas mecânicas, onde a parcela de colaboração do médium restringe-se à permissividade da atuação plena do Espírito comunicante,
no dizer do codificador do espiritismo, Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, parte II capítulo 6:
"É passivo [o médium] quando não mistura suas próprias ideias com as do Espírito que se comunica, mas nunca é inteiramente nulo. Seu concurso é sempre necessário, como o de um intermediário, mesmo quando se trata dos chamados médiuns mecânicos."

De forma básica é isso o animismo, a substituição não consciente do Espírito comunicante pelo do próprio médium, de forma ostensiva ou mesmo apenas mesclando seus conceitos aos do Espírito comunicante.

Também devemos compreender, como citamos antes, que o animismo é parte integrante de uma comunicação, o quanto a manifestação anímica se sobrepõem à ideia do Espírito comunicante é o que deve ser analisado.

Animismo, podemos classificá-lo como no caso da mediunidade, como normal ou adoentado, ou seja, se "normal" nós o temos como parte integrante de uma comunicação sem interferência relevante, se doentio, transmitindo como um filtro de luz deturpado, a luz deturpada, deverá ser tratado.

Em A Multiplicidade dos Carismas, Hermínio C. Miranda já nos apresenta outra faceta importante dentro do meio espírita sobre o animismo, esse sim foco de nossos estudos de momento, diz Hermínio:
"Na verdade a questão do Animismo foi de tal maneira inflada, além de suas proporções, que acabou transformando- se em verdadeiro fantasma, uma assombração para espíritas desprevenidos ou desatentos. Muitos são os dirigentes que condenam sumariamente o médium, pregando- lhe o rótulo de fraude, ante a mais leve suspeita de estar produzindo fenômeno anímico e não espírita. Creio oportuno enfatizar aqui que em verdade não há fenômeno espírita puro, de vez que a manifestação de seres desencarnados, em nosso contexto terreno, precisa do médium encarnado, ou seja, precisa do veículo das faculdades da alma (espírito encarnado) e, portanto, anímicas".

Da mesma forma que o movimento espírita tornou-se idólatra de certos médium, endeusando-os, por ranços de idolatria advindo de outras religiões em que seus profitentes viviam anteriormente ao conhecerem o espiritismo trouxeram para ele, assim também tornou-se repleto de prejulgamentos sem conhecimento de causa, fomentando mesmo perseguições descabidas, similares à inquisição medieval, e um desse prejulgamentos é o que se debruça sobre o fato anímico. Transformou-se o animismo no vilão e no escolho da mediunidade segura, provendo mesmo caça aos médiuns que, por ventura, o tenham exacerbado.

Novamente a falta de estudo cedendo ao autoritarismo ignorante, até no meio espírita.
Conhecessem o que citamos acima, estudassem Ernesto Bozzano e Aksakof e teriam uma visão diferente do processo.

Vale sempre a postura limpa da doutrina dos espíritos  como a deixou nosso querido Kardec, a análise criteriosa das mensagens, o estudo aprofundado do meio de intercambio e a lisura de comportamento são os únicos fatores que devem estar à frente do estudo da mediunidade.

Fenômeno não é Espiritismo, é laboratório desse, justamente por essa inversão de valores a mediunidade e o animismo assumiram essas proporções gritantes a que se referiu acima Hermínio C. Miranda, proporções que depõem contra a Doutrina dos Espíritos.

Como se processa a comunicação mediúnica? Que forma os Espíritos se utilizam dela? quanto há de comprometimento do médium de forma a estirpar-lhe o orgulho, a tentativa de fama e endeusamento que, invariavelmente, estará sujeito caso o fenômeno assuma proporções maiores que a imaginada?
São questões legítimas que podem elucidar parte da questão animismo.

Certa feita, num grupo de desenvolvimento mediúnico, embora o termo possa ser entendido de forma errada, questionamos os Espíritos em exercício e testes mediúnicos, sobre como eles efetivavam a comunicação, tivémos algumas respostas vagas, outras b[asicas dentro do esperado, mas uma em especial nos chamou a atenção por ser a que esperávamos, escreveu assim o Espírito:

"(...)Saibas que as glândulas são utilizadas.
A hipófise, a glândula pineal, as glândulas sudoríparas e tudo que emana de energia da matéria é utilizado.
O irrigar, o bombeamento das válvulas cardíaca e aorta e o compassar do sangue que corre pelos vasos sanguíneos, elevando e facilitando o bombeamento entre carótida, artéria, facilitando as elevações e fluxos e assim as sinapses dos neurônios da matéria (cérebro) intuitivamente cheguem ao cerebelo  e automaticamente com todo o "ajuste corporal", façam com que o cérebro envie sinais para os movimentos motores necessários.
Auxiliamos como dito pelo amigo nos ensinamentos, mas se a matéria se desgasta e não é condizente de nada adianta!(...)" esse um processo mediúnico legítimo.

A Hipófise é uma glândula localizada no arcabouço craniano e é tida como glândula Mestra por ser responsável pela secreção de diversos hormônios que atuam em outras glândulas, note-se que a vascularização da mesma é feita por ramificações da carótida, daí a importância que o Espírito atribui à mesma e ao processo vascular como um todo na interação mediúnica. Todo esse processo quando examinado numa manifestação essencialmente anímica, desaparece, uma vez que não há necessidade da interação feita no nível neuronal e cerebelo, pois o Espírito manifestante já possui controle sobre o corpo do médium, por ser seu próprio corpo. Justamente por isso poderá ser notado que essas alterações que, no exterior da manifestação, representa rubor, calor, aumento metabólico, não se encontra presente no animismo puro, forma de o detectar, pelo menos, suspeitar que possa estar ocorrendo. Mas mesmo aqui, vale a colocação de Kardec, a análise do material obtido pela ótica doutrinária, moral e de coerência pois esses fatores denotam a qualidade do produto.

É claro que o tema é vasto, implica em uma série de conjecturas válidas, notadamente de até que ponto a manifestação anímica não é consciente, ou não o é, pois ai sim passaríamos a entrar com a hipótese da mistificação.

Mistificação implica em falsear, enganar, ludibriar, e ai o problema torna-se mais complicado.
O "médium" mistificador, a exemplo de qualquer outro Espírito mistificador, não se permite a inquirições, irrita-se com facilidade, sempre colocando-se na defensiva, isso quando não promove uma elevação do conceito do próprio médium, visando falsear ainda mais a manifestação mediúnica dita por ele como legítima.

Quando percebamos que há processo anímico, coloquemo-nos na defensiva, analisando ainda mais a produção, os nomes e o teor das mensagens trazidas pelo "medianeiro", lembrando com Erasto "vale mais repelir dez verdades que admitir uma só mentira"  pois a partir que detectarmos falseamento de ideais, alteração de rumos morais, modificações no aceitar a perscrutação das mensagens exteriorizadas, precisaremos reavaliar toda produção mediúnica provinda desse companheiro de ideal, não abandonam, digamos novamente, mas analisando a partir daí com mais critério à Luz da codificação.

Teorias estranhas, referencias ao médium produtor das mensagens, colocações morais ou evangélicas duvidosas, tudo é motivo de estudo e possibilidade de aprendizado, mas o médium deverá ser abordado e, uma vez  expressas as razões, afastado do trabalho público evitando-se assim macular de alguma forma o Espiritismo como um todo.
As casa estruturadas possuem, elas todas, atividades de tratamento a que possam submeter o médium e resolver, se não em todos, ao menos de forma satisfatória o problema da mistificação.
Por fim, ANIMISMO não é doença, mas anomalia que, se não abordado de início e solucionado, se tornará, ai sim, um doença, primeiro da Alma, da psique e posteriormente, a persistir o descaso, somatizando-se e manifestando-se de forma física.

Bibliografia para aprofundamente:
Animismo ou Espiritismo? - Ernesto Bozzano
Animismo e espiritismo - Aleksander Aksakof
Diversidades dos Carismas - Hermínio C. Miranda

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