Identidade dos Espíritos
Olá, bem, esse assunto já rendeu uma série de problemas, discussões, dissensões e mesmo a separação de amigos e companheiros de ideal espírita ou espiritualista.
No mundo das formas temos o péssimo hábito de rotular tudo, pois o nosso cérebro necessita de parâmetros para análise e os rótulos facilitam, e muito, isso. Rotulamos amigos, rotulamos religiões, rotulamos o "bem" e o "mal", inclusive já falamos anteriormente disso, então rotulamos os Espíritos também. Usando nossa experiência pessoal e nossos conceitos de moral, religiosidade, preconceitos e pouco ou muito conhecimento da espiritualidade, acabamos estabelecendo e aceitando, ou não, os nomes que os Espíritos nos apresentam, nomes esses que são rórulos que eles mesmo nos impingem, e acabamos por defendê-los de análises mais profundas quanto ao conteúdo das mensagens, os objetivos das posturas, as orientações e mesmo as "histórias" que nos brindam e que, muita das vezes, apenas nos fazem sentir importantes, uma vez que nos colocam nessas histórias exaltando nossos egos. Num grupo espírita é o mentor que nomeia a cada um do "gripo seleto" dentro de sua própria história, dando rostos "ilustres" para nossos rostos anônimos, para um médium é seu mentor ou amigo espiritual que faz o mesmo, e com isso nos deixamos levar acreditando ser ele quem diz ser; nos grupos espiritualistas a mesma coisa, Espíritos anônimos que nos fazem acreditar que fizemos parte de uma história do passado e que nos torna "alguém".
Quando o Espírito em questão é alguém conhecido, parente, amigo ou mesmo um companheiro de ideal religioso, a identificação fica mais fácil, pois se o conhecemos de fato encontraremos em suas mensagens e manifestações rastros que nos liguem a ele, se é Espírito que já se manifestou ou manifesta no meio religioso a que nos afeiçoamos, também é menos complicado traçar o perfil do mesmo e comparar as mensagens e orientações recebidas, mas se é alguém distante, que não nos permite laço estreito, ou mesmo um perfil do mesmo, ai a identificação fica por conta de nosso senso crítico em comparação com o que idealizamos desse ou daquele personagem.
Não queremos que se desacredite dos Espíritos, aliás, ao contrário, queremos que se continue assim, acreditando nas mensagens confortadoras, confiando nas orientações seguras e de boa índole, pois eles nos amam, como nós os amamamos; o que queremos é que todos entendam o que nos disse o codificador do Espiritismo, Allan Kardec, que estudos as manifestações exaustivamente e chegou a diversas conclusões, no que resultou a própria doutrina dos Espíritos, mas a conclusão que nos importa agora é quanto à identidade dos Espíritos, em O Livro dos Médiuns temos:
261. Certamente se dirá que se um Espírito pode imitar uma assinatura, pode também imitar a linguagem. É verdade. (...) Sim, certos aspectos formais da linguagem podem ser imitados, mas não o pensamento. A ignorância jamais imitará o verdadeiro saber, como jamais o vício imitará a verdadeira virtude. Sempre aparecerá de algum lado a ponta da orelha. É então que o médium e o evocador devem usar de toda a sua perspicácia e raciocínio para separar a verdade da mentira. Devem persuadir-se de que os Espíritos perversos são capazes de todas as trapaças e de que, quanto mais elevado for o nome usado, mais desconfiança deve provocar. Quantos médiuns têm recebido comunicações apócrifas assinadas por Jesus, Maria ou algum santo venerado!
Entendendo-se as colocações de Kardec percebemos o quanto foi meticuloso e detalhista, além do uso constante do bom-senso nas análises das mensagens que recebia, entendendo-o podemos de fato afirmar, os Espíritos podem imitar-se uns aos outros, tanto na assinatura quanto na forma da escrita ou nos trejeitos das aparições, mediúnicas ou não, mas não conseguem manter-se constante em seus "ensinos" sem se mostrarem vazios, se forem enganadores, não conseguem persistir nos "conselhos" sem se traírem em repetições e chavões religiosos que, numa verificação mesmo que superficial, nos dexarão transparecer quem de fato são.
Nesse mesmo livro o Espírito de Erasto, um dos responsáveis pela codificação pelo lado espiritual, nos alerta:
"..é melhor repelir mil verdades que aceitar uma só mentira, uma única teoria falsa."
Então sem resolver o problema, mas esperando lançar mais uma luz sobre o mesmo, entendemos que o melhor método para não se iludir está, não nos médiuns videntes embora ajudem muito, mas sim na análise desapaixonada do perfil do Espírito. Essa análise é difícil de se fazer, não por ela mesma, mas pela necessidade de isenção da paixão, pois como os Espíritos, dissemos acima, exaltam o nosso ego possibilitando-os falsear conceitos com relativa facilidade.
Se possível, independente se sermos Espíritas, espiritualistas, ou qualquer outra corrente similar adotemos por precaução, e falta de outro estudioso tão profundo como ele, adotemos as assertivas de Kardec e o alerta de Erasto, independentemente do médium "famoso" ou não, independentemente do nome "ilustre" que se apresente o Espírito, nem esse nem aqueles são certeza de nada.
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