Identidade dos Espíritos
No mundo das formas temos o péssimo hábito de rotular tudo, pois o nosso cérebro necessita de parâmetros para análise e os rótulos facilitam, e muito, isso. Rotulamos amigos, rotulamos religiões, rotulamos o "bem" e o "mal", inclusive já falamos anteriormente disso, então rotulamos os Espíritos também. Usando nossa experiência pessoal e nossos conceitos de moral, religiosidade, preconceitos e pouco ou muito conhecimento da espiritualidade, acabamos estabelecendo e aceitando, ou não, os nomes que os Espíritos nos apresentam, nomes esses que são rórulos que eles mesmo nos impingem, e acabamos por defendê-los de análises mais profundas quanto ao conteúdo das mensagens, os objetivos das posturas, as orientações e mesmo as "histórias" que nos brindam e que, muita das vezes, apenas nos fazem sentir importantes, uma vez que nos colocam nessas histórias exaltando nossos egos. Num grupo espírita é o mentor que nomeia a cada um do "gripo seleto" dentro de sua própria história, dando rostos "ilustres" para nossos rostos anônimos, para um médium é seu mentor ou amigo espiritual que faz o mesmo, e com isso nos deixamos levar acreditando ser ele quem diz ser; nos grupos espiritualistas a mesma coisa, Espíritos anônimos que nos fazem acreditar que fizemos parte de uma história do passado e que nos torna "alguém".
261. Certamente se dirá que se um Espírito pode imitar uma assinatura, pode também imitar a linguagem. É verdade. (...) Sim, certos aspectos formais da linguagem podem ser imitados, mas não o pensamento. A ignorância jamais imitará o verdadeiro saber, como jamais o vício imitará a verdadeira virtude. Sempre aparecerá de algum lado a ponta da orelha. É então que o médium e o evocador devem usar de toda a sua perspicácia e raciocínio para separar a verdade da mentira. Devem persuadir-se de que os Espíritos perversos são capazes de todas as trapaças e de que, quanto mais elevado for o nome usado, mais desconfiança deve provocar. Quantos médiuns têm recebido comunicações apócrifas assinadas por Jesus, Maria ou algum santo venerado!
Nesse mesmo livro o Espírito de Erasto, um dos responsáveis pela codificação pelo lado espiritual, nos alerta:
Olá, bem, esse assunto já rendeu uma série de problemas, discussões, dissensões e mesmo a separação de amigos e companheiros de ideal espírita ou espiritualista.

Quando o Espírito em questão é alguém conhecido, parente, amigo ou mesmo um companheiro de ideal religioso, a identificação fica mais fácil, pois se o conhecemos de fato encontraremos em suas mensagens e manifestações rastros que nos liguem a ele, se é Espírito que já se manifestou ou manifesta no meio religioso a que nos afeiçoamos, também é menos complicado traçar o perfil do mesmo e comparar as mensagens e orientações recebidas, mas se é alguém distante, que não nos permite laço estreito, ou mesmo um perfil do mesmo, ai a identificação fica por conta de nosso senso crítico em comparação com o que idealizamos desse ou daquele personagem.
Não queremos que se desacredite dos Espíritos, aliás, ao contrário, queremos que se continue assim, acreditando nas mensagens confortadoras, confiando nas orientações seguras e de boa índole, pois eles nos amam, como nós os amamamos; o que queremos é que todos entendam o que nos disse o codificador do Espiritismo, Allan Kardec, que estudos as manifestações exaustivamente e chegou a diversas conclusões, no que resultou a própria doutrina dos Espíritos, mas a conclusão que nos importa agora é quanto à identidade dos Espíritos, em O Livro dos Médiuns temos:
Entendendo-se as colocações de Kardec percebemos o quanto foi meticuloso e detalhista, além do uso constante do bom-senso nas análises das mensagens que recebia, entendendo-o podemos de fato afirmar, os Espíritos podem imitar-se uns aos outros, tanto na assinatura quanto na forma da escrita ou nos trejeitos das aparições, mediúnicas ou não, mas não conseguem manter-se constante em seus "ensinos" sem se mostrarem vazios, se forem enganadores, não conseguem persistir nos "conselhos" sem se traírem em repetições e chavões religiosos que, numa verificação mesmo que superficial, nos dexarão transparecer quem de fato são.

"..é melhor repelir mil verdades que aceitar uma só mentira, uma única teoria falsa."
Então sem resolver o problema, mas esperando lançar mais uma luz sobre o mesmo, entendemos que o melhor método para não se iludir está, não nos médiuns videntes embora ajudem muito, mas sim na análise desapaixonada do perfil do Espírito. Essa análise é difícil de se fazer, não por ela mesma, mas pela necessidade de isenção da paixão, pois como os Espíritos, dissemos acima, exaltam o nosso ego possibilitando-os falsear conceitos com relativa facilidade.
Se possível, independente se sermos Espíritas, espiritualistas, ou qualquer outra corrente similar adotemos por precaução, e falta de outro estudioso tão profundo como ele, adotemos as assertivas de Kardec e o alerta de Erasto, independentemente do médium "famoso" ou não, independentemente do nome "ilustre" que se apresente o Espírito, nem esse nem aqueles são certeza de nada.
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