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Moralidade e juízo

Moral, qual das que existem eu devo seguir? Como a moral me permitirá criar juízo correto sobre os demais? Consigo não julgar?

A moral não conhece fronteiras ou credos religiosos, bem como não está embasada sobre inteligência excessiva. A moral somente pode ser adquirida após experiências vividas pelo Espírito, não há como uma criatura adquirir senso moral sem experiência e, consequentemente, sem um mínimo de inteligência que lhe permita discernir entre as diversas possibilidades a escolher ou viver.

Por isso entendo que somente poderá adquirir moralidade aquele que passa pelas experiências diversas que nos possibilita a vida. Após sentir o que um ato de agressão causa, sentir dentro de si a dor e o sofrimento, compreender que o efeito inevitável de uma ação violenta é retorno dessa energia para ele mesmo, somente assim, vivendo essas experiências o Espírito pode ajuizar o que é moralidade. Somente realizando atos deploráveis, quando ainda não tenha conhecimento de causa, pois sabendo da lei passa a cometer crime e não erro, sendo esse escusável e aquele punido como falei logo acima, só realizando esses atos ele consegue adquirir conhecimento, praticando como executor hoje e recebendo como executado amanhã ele passa a entender a Lei de Causa e Efeito, percebe que a harmonia da criação, se interrompida por alguém, exige desse mesmo alguém reparação.

Após inúmeras experiências, que não se adquire em uma única vida, ele toma consciência do mecânismo da Lei divina e compreende que, sendo o progresso inevitável, o melhor que pode fazer a si mesmo é colaborar para o progresso, nada mais.

Percebe que as atitudes construtívas são as que constam, ficando os atos reprováveis como perda de tempo na marcha dos tempos. Compreende que os atos reprováveis que realizou, quando ainda inocente ante as Leis, formaram um grupo coeso de ensinos que lhe dá condição de compreender, não só a si, como aos demais à sua volta também. Esse Espírito então pode, depois de viver essas dores e tritezas, sob nossa ótica obtusa no mundo das formas, mas indispensáveis ao seu progresso, pode então assenhorear-se de seus passos, pois compreendendo as Leis e que não há como burlá-las torna-se um representante dessa Lei onde quer que esteja. Esse Espírito então descobre que não deve “julgar para não ser julgado”, que deve “amar ao próximo como a si mesmo” e passa a ser uma das potências divinas junto aos que tem a honra de dividir-lhe as experiências.

Transforma-se, então, seu poder de percepção, dando-lhe nova visão do mundo.

Onde via antes ódio, maldade e desesperação, passam a enxergar mecânismos de progresso, lições inestimáveis a serem aprendidas pelos que as vivem; onde sentia dó e comiseração, passa a nutrir sentimento de amor e compreensão, afinal o sofredor é agraciado com a possibilidade da experiência ante o aprendizado; onde via estupro, matança, podridão enfim, passa a enxergar a vontade divina a manifestar-se nos diversos estágios em que cada um se encontra para aprendizado, hoje como vítima, amanhã como algoz desempenhando sempre asvontades do divino, mas ainda de forma velada sendo que, num futuro não tão distante assim, esses Espíritos passam a ser realizadores consciêntes das vontades do D~us.

Diante desse quadro, esse nosso amigo que progrediu até aqui compreende a inutilidade do julgamento do próximo, pecebe que cada um caminha conforme as possibilidades que tem e que, se hoje esse age de forma “estranha”, aprenderá no amanhã a forma correta de agir diante da Lei divina; esse nosso amigo entende que todos fazem o melhor diante de suas condições intelectuais e morais e se, um pratica atos desonestos, criminosos mesmo, está fazendo o melhor para sua evolução.

Quando falei à inutilidade do julgamento não me referi aos ditâmes advocatícios e penais, esses são criações humanas para imprimir certa ordem no contexto social, sendo eles mesmos, ferramentas para o progresso do Espírito imortal, afinal ele começa a entender de forma muito rudimentar ainda, pois as leis humanas são toscas comparadas às divinas, mas começa a compreender que existem atitudes e ações que fogem do “correto” no senso comum e apreende um rudimento de moralidade que será desenvolvida no decorrer de sua vida imortal.

Diante desse quadro passamos a estar de posse de caminhos novos, a certeza de que não julgamos os demais, afinal não existem atos “bons” ou “ruins”, todos são atos para o progresso, então não julgamos mais.

A subtração da dualidade retirando-nos o conceito de “bom” e “mal” subtrai de nosso consciente e subconsciente julgamento aos demais e, não nos julgamos também, o que é mais importante.

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